Cuidado com o avalanche! É o que está acontecendo hoje no mundo das ebikes, ou bicicletas elétricas. Antes que tenhamos tempo de entender as diferenças e nos acostumar com o mundo de jargões que estão nesse exato momento, tomando conta das redes sociais, das conversas nos clubes e do mercado, elas estão aparecendo com seus diferentes tipos, utilizações e apelos.
Inicialmente eu queria falar sobre a diferença entre o motor do tipo Pedelec e aquele equipado com sensor de torque, você pode pular direto para o final do artigo ou passar pelo mais básico antes, mas o importante é esclarecer “isso aí”.
Classes de ebikes
Motor no cubo (direct drive) vs. Motor central (ou Mid Drive)
Basta olhar para o que acontece no mundo. A quase totalidade das grandes marcas de bicicletas possuem suas versões de ebikes, com 99% de seus modelos equipados com motor central. De fato, a localização do motor altera drasticamente a experiência e a forma como as coisas funcionam na ebike.
No Brasil e já em decadência na Europa e Estados Unidos, as fábricas de motor no cubo tiveram a feliz ideia de usar o nome “direct drive” como ferramenta de marketing para nos remeter a algo que foi melhor na época em que ter um toca discos direct drive era melhor que “belt drive”, lembra disso? Bem, o tempo passou e a verdade não é mais a mesma aqui.
Motor no cubo
O motor no cubo, apesar de ser muito melhor que a bike sem motor e parece uma delícia nas longas retas das ciclovias, nos penaliza com algumas limitações que podem fazer uma diferença muito importante para o ciclista mais dedicado, já que este motor simplesmente não consegue fornecer torque suficiente para vencer ladeiras mais íngremes. É fácil entender o motivo. Em alta rotação, o motor no cubo é uma beleza, já existe energia cinética suficiente para manter a bike rodando, mas quando chega a ladeira e a velocidade cai, o motor tem de rodar em baixíssima rotação, as vezes menos de 10km/h, e aí não há como o motor vencer a inércia do peso do conjunto ciclista+bicicleta. Simplesmente falta energia. Então se você parar na metade da ladeira da Rua Augusta e resolver continuar subindo até a Paulista, esqueça. Será melhor voltar para a Rua Estados Unidos.
Além disso, é preciso levar em conta a experiência do pedal, que no caso do motor no cubo, fica comprometida, já que andar numa bike com motor no cubo se parece mais com andar de ciclomotor, pois os pedais não têm uma relação direta com a potência, ou seja, você pode até pedalar, mas a força que você faz não se traduz em mais força no motor.
Motor Central
Apesar de mais caro, o motor central conta com algumas vantagens que irão deixar os ciclistas com água na boca. Aqui, a sensação é de ter ficado mais forte, como o marinheiro Popeye após uma lata de espinafre. Você pedala e “milagrosamente” a bicicleta se sente mais leve do que "deveria" ser. Chega a ladeira e você reduz as marchas e o milagre se repete. Isso acontece porque o motor está conectado no pedivela e consequentemente, na corrente e no cassete de reduções da bicicleta. Isso permite que utilizemos as marchas originais da bike para alterar a relação de força e velocidade, permitindo uma ebike que tenha velocidade nas retas e força nas subidas. Se você para de pedalar, o motor também para.
Pedelec vs. Sensor de Torque
Era aqui que você queria chegar? Ainda dentro do universo de motor no movimento central, existem dois tipos de motores que produzem resultados ligeiramente diferentes a serem compreendidos.
Enquanto a Bafang veio para o Brasil com os motores de 350W, 500W, 750W e também de 1000W, todos Pedelec, várias outras marcas como Shimano, Bosch, Yamaha entre outras. No caso da Tongsheng, eles nos apresentam o motor TSDZ2 de 250W (até 500W) equipado com sensor de torque. Qual a diferença entre eles?
Sensor de torque
O Tongsheng TSDZ2 com sensor de torque é o motor indicado para o grande público. Eu emprestaria minha ebike com sensor de torque para minha avó sem sequer contar o que ela iria encontrar e ela voltaria feliz achando que algum milagre que São Cristóvão lhe presenteou com uma força incrível nas pernas que ela nem sabia que tinha. Este é o kit que basta sair pedalando e ser feliz. Na segunda voltinha, eu explicaria que existem uns botõezinhos aqui no guidão para apertar com os sinais de + e - para ficar ainda mais forte. A frase termina com um ponto final, pois não há mais nada a dizer, a não ser o fato que é fácil rodar 100km com uma bateria de 12,5aH.
O sensor de torque duplo (um para cada pedal) informa ao módulo gerenciador, qual foi a força que você fez no pedal e ele despeja a potência correspondente no motor. Assim simples. Você alivia e o motor desliga, você faz mais força e o motor acelera.
Pedelec
Para quem tem um pézinho na motocicleta e outro no MTB, eu recomendaria o Bafang, que de cara são mais potentes (mas têm menos autonomia) mas antes eu teria de fazer algumas explicações, pois o Pedelec pede que o ciclista atente para alguns detalhes que farão diferença na experiência final e poderão até mesmo incomodar os potenciais usuários do sensor de torque do Tongsheng.
Os pedais possuem um sensor de giro, o que difere um pouco do sensor de torque, porque não é a força que você faz, mas sim o simples fato de pedalar. Nesse caso, o ato entrega potência total ao motor, que você dosa a partir da escolha do nível de potência nos mesmos botõezinhos e na relação correta de marchas. Se você para de pedalar, o motor perde potência um segundo depois. Parece pouco, mas pode incomodar, especialmente se você resolver passear na garagem do prédio com potência alta, Por outro lado, este tempo pode ser encurtado através de um ligeiro toque no manete do freio que possui um sensor e irá desligar o motor imediatamente, uma questão de adaptação que nem sempre será uma coisa muito simples para qualquer pessoa. Então, se você está andando a milhão com potência máxima e de repente quer passar devagarinho num trecho de lama para não melar a roupa, irá preferir ter o cuidado de reduzir a potência para adaptar o torque à situação da trilha, coisa que o usuário do Tongsheng simplesmente pedalaria mais suavemente sem precisar fazer mais nada e a controladora faria o resto.
A potência extra do Bafang permite transformar uma pesada bike de downhill com aqueles pneus enormes em um espetacular brinquedo de trilha. Permite você transgredir todos os limites possíveis de velocidade em bicicleta com sua speed deixando algumas motos no chinelo lá atrás.
A versatilidade do Tongsheng permite que você atravesse São Paulo numa reta sem se preocupar com nenhuma, repito NENHUMA ladeira. Permite que você pendure as sacolas lotadas do supermercado no guidão e volte pra casa fazendo selfie (não recomendo).
Mas uma coisa muito, muito muito importante ambos te dão: A impagável segurança de poder pedalar até onde Judas perdeu as botas e saber que a volta será uma moleza.
Acelerador
Voltando ao tempo das primeiras bicicletas elétricas, quando não existia pedal assistido, a única forma de acionar o motor era usar um manete ou alavanquinha de aceleração. Bem, este acessório também pode ser adicionado em uma ebike com motor central e funcionar como uma opção para aqueles momentos de preguiça máxima.
minha bike é com acelerador, consigo mudar para PAS? para que eu não tenha problemas futuros com os órgãos de trânsito?
Existe também uns kits mais baratos com motor lateral com redução e alguns de cubo tem redução interna planetária.
Boas explicações, bem esclarecedoras para que pretende adquirir kit com motor, ou mesmo a bike completa